Como a transformação do urbanismo impacta no desenho das residências
Momentos como o que passamos atualmente, de crise mundial ligada a uma pandemia, costumam trazer mudanças profundas na estrutura da sociedade. A arquitetura, seja nas edificações ou no urbanismo, recebe diretamente os efeitos das novas reorganizações. Como no nosso meio já existe uma forma pré-definida de construção atual e organização das cidades, não percebemos as mudanças que vieram em decorrência de grandes epidemias.
As primeiras mudanças surgiram no urbanismo, com o alargamento das ruas como medida sanitária para que as edificações pudessem receber luz natural e ventilação em função dos pequenos becos existentes nas primeiras cidades a serem estruturadas. Assim como houve ajustes nos espaços públicos, também foi necessário introduzir mudanças nas residências. Até o início do século XX, era comum a existência de espaços com pouca ventilação e nenhuma iluminação natural, o que os tornava mais propícios para propagação de doenças.
Esses ambientes foram se transformando, cada vez mais preocupados com a saúde e o bem-estar de seus moradores. A utilização de grandes aberturas para ampliar a ventilação e iluminação natural e a utilização de materiais e revestimentos que facilitam a limpeza, principalmente na cozinha e nos banheiros, são exemplos dessas modificações que esses momentos da história trouxeram para a arquitetura.
A casa contemporânea passou a ser cada vez mais funcional, ou seja, os espaços subutilizados têm sido menos presentes nos projetos atuais e há uma grande preferência por móveis mais práticos e quase sempre planejados. E cada vez mais percebemos também detalhes extremamente importantes de serem resolvidos para que haja uma boa vivência no próprio lar.
Boas soluções
E como tudo isso acontece na prática? Um exemplo é o projeto arquitetônico em destaque na foto, que dá prioridade para uma ampla e generosa iluminação e ventilação natural no ambiente principal da casa, que compõe sala de estar e de jantar, cozinha e escritório integrado pelo mezanino no piso superior, criando assim uma relação agradável com o paisagismo externo devido às aberturas laterais em vidro incolor. Nele, tivemos o cuidado de localizar essa generosa abertura para uma fachada em que a incidência de sol não fosse direta. Com a opção por parte dos clientes por materiais naturais, como tijolinho aparente e estrutura de madeira, a casa trouxe um aspecto muito aconchegante para seus moradores, com cômodos pequenos e bem funcionais, sem espaços subutilizados.
Quando se contempla boas soluções em um projeto, a arquitetura é capaz de impactar positivamente a vida das pessoas, ainda mais nesse momento em que estamos ficando mais tempo em casa.
• Arquiteta e Urbanista formada pela USP – Universidade de São Paulo Câmpus de São Carlos e com MBA em Gestão de Projetos pela UNIS
R. Bernadino Macieira, nº174, Centro – Lavras/MG
(35) 99194-2454
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