O uso correto de anticoncepcionais hormonais e o risco de trombose venosa
A medicina moderna fundamenta-se em evidências científicas, devendo-se basear no conhecimento proporcionado por estudos e pesquisas adequadamente conduzidas. Frequentemente, deparamo-nos com notícias que envolvem temas médicos, sendo necessária muita cautela na interpretação de determinadas constatações.
Historicamente, os anticoncepcionais hormonais representaram um grande papel na revolução feminina, permitindo o planejamento familiar, a ponto de ser considerado uma das dez maiores descobertas da história da medicina. Desde sua introdução, com as primeiras pílulas anticoncepcionais, notou-se a maior ocorrência de eventos tromboembólicos nas usuárias quando comparado às não usuárias. Com a evolução dos contraceptivos hormonais, as doses contidas foram sendo reduzidas, assim como as vias de administração e a própria composição hormonal dos métodos se modificaram, aumentando sua segurança, melhorando seus efeitos positivos e diminuindo seus efeitos adversos.
Sabemos que o risco de trombose proporcionado pelos anticoncepcionais hormonais se deve ao componente estrogênio contido em diversas de suas formulações. O risco de tromboembolismo venoso, embora raro, representa um dos eventos adversos sérios da contracepção hormonal. Estudos indicam que o tromboembolismo venoso em não-usuárias na idade reprodutiva atinge 4-5 casos para cada 10.000 mulheres por ano. Já com o uso de contraceptivos orais a taxa aumenta para 9-10 casos para 10.000 mulheres por ano. Comparativamente, as taxas de tromboembolismo venoso na gravidez aproximam-se de 29 para 10.000 no total e podem atingir 300-400 para cada 10.000 mulheres no puerpério (nome dado ao período pós-parto) imediato. Ou seja, o risco proporcionado pelos anticoncepcionais que contêm estrogênio é baixo e bem inferior àquele encontrado no período da gravidez e puerpério, por exemplo, principalmente se levarmos em consideração as baixas doses hormonais encontradas nos métodos atuais.
A escolha é de cada um
Assim como qualquer prescrição médica, a escolha de um método contraceptivo deve ser individualizada, considerando-se as necessidades atuais da mulher moderna, efeitos desejados além da contracepção, particularidades quanto ao uso, contraindicações de determinado método e questões adaptativas de cada mulher. A Organização Mundial de Saúde, baseada na segurança de cada método, criou critérios para eleição de um contraceptivo, levando- se em conta os riscos e os benefícios de cada um dos principais métodos anticoncepcionais. Felizmente, para aquelas mulheres com fatores de risco identificáveis, nas quais existe maior probabilidade de eventos tromboembólicos, há opção de métodos hormonais contendo apenas o hormônio progesterona, assim como métodos não hormonais (como o DIU e o preservativo), ambos seguros e com eficácia estabelecida.
Portanto, escolher um método anticoncepcional é tarefa que requer conhecimento, discussão de prós e contras de cada alternativa e anseios de cada mulher, devendo-se sempre esclarecer o que dizem as evidências científicas disponíveis, e não ser baseada em informações vagas e generalistas muitas vezes lançadas pela mídia.
Dr. Hélio Haddad Filho – Ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana (CRM-MG 34.850), Dr. Hélio Haddad – Ginecologista, obstetra e ultrassonografista (CRM-MG 6.239) e Dr. Cássio Furtini Haddad – Mastologista, ginecologista e obstetra (CRM-MG 39.954)
Dr. Hélio Haddad
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