Conheça os sintomas da incontinência fecal, as formas de diagnóstico e o tratamento mais adequado
Você sabe qual é o poder que o seu intestino tem sobre sua saúde e até seu comportamento? Ele é considerado uma das partes mais importantes do sistema digestivo, permitindo a passagem dos alimentos, facilitando a absorção dos nutrientes e a eliminação das toxinas. Por isso, o seu bom funcionamento significa manter o corpo nutrido e hidratado. No entanto, 9% da população adulta sofre de incontinência fecal, o que afeta diretamente a saúde e o equilíbrio do intestino.
Mas você sabe o que é incontinência fecal? Trata-se da incapacidade de controlar e expelir as fezes em lugar e momentos adequados. E, apesar de ser considerada uma condição relativamente comum, é pouco valorizada e subdiagnosticada, o que, muitas vezes, prejudica o diagnóstico e tratamento adequados.
Os pacientes que possuem incontinência fecal apresentam, na maioria das vezes, os mesmos sintomas. A perda involuntária de fezes, muco ou gases, é o mais frequente, muitas vezes percebido como uma sujidade na roupa íntima. No início essa incapacidade acontece principalmente quando as fezes estão mais amolecidas. Nos casos mais graves pode ocorrer dificuldade de controlar também as fezes sólidas. Os escapes de fezes e muco podem causar irritação da pele ao redor do ânus com sensação de queimação e coceira.
Condição subdiagnosticada
Uma das principais razões é que as pessoas que sofrem com a incontinência fecal muitas vezes têm vergonha de relatar a situação pelo estigma social criado pela perda do controle das evacuações. Outro motivo é considerar o problema como uma situação normal da idade, o que leva a conviver com os sintomas sem a busca por uma solução.
Segundo o coloproctologista Dr. Maurilio Paiva, é comum a pessoa utilizar forros ou lenços para proteger a roupa, nos casos mais sérios, deixar de frequentar eventos, casa de familiares e lugares públicos. “Na maioria dos casos é necessário fazer uma busca ativa durante a consulta. Muitos pacientes vêm ao consultório por outras razões como alterações do hábito intestinal, diarreias, dor e irritação do ânus, e no momento da consulta temos que perguntar se a pessoa tem dificuldade para controlar as fezes”, acrescenta.
Como é feito o diagnóstico?
Por se tratar de uma condição que pode afetar muito a autoestima e a qualidade de vida, é fundamental buscar ajuda especializada. O diagnóstico é feito através de questionários realizados durante a consulta médica e a gravidade é avaliada utilizando escalas que avaliam o número e a frequência dos sintomas e a qualidade de vida. “O exame físico proctológico é fundamental para avaliar a causa da incontinência”, explica Dr. Maurilio. Alguns exames podem ser necessários para confirmar a causa e avaliar a gravidade. A manometria anorretal, por exemplo, é importante para avaliar a função dos músculos do ânus e da sensibilidade e capacidade do reto.
Por meio do diagnóstico precoce é possível então seguir um tratamento adequado. “O tratamento da incontinência fecal evoluiu muito nas últimas duas décadas. Felizmente hoje temos um tratamento pouco invasivo e com excelentes resultados que é a Neuromodulação Sacral”, afirma o médico.
A neuromodulação sacral consiste na estimulação dos nervos sacrais através de um dispositivo implantado cirurgicamente. O procedimento é feito em duas partes. A primeira fase é a de teste, quando é implantado um eletrodo que irá estimular os nervos sacrais para avaliar a eficácia da técnica. Na segunda etapa, após 7 a 14 dias da realização da fase de teste, é implantado o neuroestimulador definitivo que fica sob a pele. O procedimento pode ser realizado com sedação e anestesia local, sem muitos desconfortos para o paciente, e a alta normalmente acontece no mesmo dia.
Texto: Licia Linhares
Fotografia: Rodolfo de Brito
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