Dr. Marcelo A. Araújo Assunção Médico Hematologista e Hemoterapeuta
Um ato de amor, de doação de vida e esperança
Recém aprovada no município de Lavras, a Lei Miguel – uma homenagem à criança vítima de leucemia – institui o Junho Vermelho e Amarelo como mês municipal de mobilização para doação de sangue e medula óssea e cria o dia municipal do doador de medula óssea: 2 de julho.
A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, principalmente os do quadril e da caixa torácica. Seu papel é fundamental à vida: produzir os componentes celulares do sangue, ou seja, os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas.
O transplante de medula óssea consiste na retirada de parte desse componente para posterior infusão e reconstituição no hospedeiro. É proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como leucemias, linfomas, aplasia de medula, sendo muitas vezes a única chance de cura. Quando a medula vem do próprio paciente, chamamos de transplante autólogo; quando é originária de outra pessoa, damos o nome de transplante alogênico. Ambas possuem indicações próprias.
O processo tem início com testes específicos de compatibilidade, onde são analisadas amostras de sangue do receptor e do doador para que se tenha a máxima compatibilidade possível entre as partes. A chance de compatibilização entre irmãos é de 25%, sendo 1 para 100.000 entre desconhecidos. Após o registro do doador de medula no banco nacional (REDOME), este poderá ser convocado a realizar a doação, que pode ser feita através de punções em região lombar em ambiente cirúrgico, sob anestesia, ou mais comumente pelo sangue das veias, através de uma máquina coletora semelhante a um aparelho de hemodiálise. Dentro de poucas semanas, a medula óssea estará inteiramente recuperada.
A infusão é semelhante a uma transfusão de sangue: é obtido um bom acesso venoso no hospedeiro, e então a medula é lentamente infundida, em ambiente propício e sob vigilância médica. Na circulação sanguínea, estas células encontrarão a medula e se multiplicarão até a “pega” – o momento em que as células sanguíneas retornam toda sua produção, aumentando seus valores ao hemograma.
Ao contrário dos transplantes de órgãos sólidos, em que pode ocorrer rejeição do corpo para o enxerto, no transplante de medula óssea pode ocorrer rejeição da medula inserida contra o corpo do hospedeiro, já que é ela que nos confere imunidade. Esta complicação, chamada de doença enxerto versus hospedeiro (da sigla GVHD, em inglês), é relativamente comum, de intensidade variável e pode ser controlada através de medicações.
Em Lavras, o cadastro pode ser realizado às quintas-feiras na UPA, no período da manhã. Apenas uma amostra de sangue será coletada. Venha ser doador de vida! — ipê
• Graduado pela Universidade de Itaúna em 2013
• Especialista em Clínica Médica pela Santa Casa de Passos em 2016
• Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo Hospital Felício Rocho em 2018
• Médico hematologista na Clínica Oncominas e no Hospital Vaz Monteiro
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