O trabalho é algo que ocupa grande parte das nossas vidas, por isso, ter satisfação com o que fazemos é essencial para ter uma vida feliz. Desta forma, mudar de carreira, muitas vezes, não é uma escolha fácil, mas pode valer muito a pena. Luciana Maria Alves Reidler sabe muito bem disso. Ao longo de sua vida ela sempre buscou crescer profissionalmente e estar aberta aos desafios apresentados pela vida.
Natural de Bom Sucesso, ela se formou em Ciências Sociais e Direito pela UFMG e se especializou em Direito Empresarial. Com uma carreira promissora, trabalhou por um bom tempo no Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG. Porém, diante da oportunidade de se mudar para Suécia, ela não pensou duas vezes: fixou residência em um novo país, onde passou a atuar na área de Direito do Consumidor. No entanto, a perda repentina do irmão a levou a questionar o valor de estar mais perto da família. Ela, então, decidiu retornar para o Brasil e morar em Lavras, onde está há 10 anos, e se aventurar como empreendedora com a abertura de uma loja infantil na cidade.
“Quando morava na Suécia uma colega de trabalho me disse que era eu uma pessoa muito ambiciosa. Lembro que recuei quando escutei esse comentário. Ela então me explicou que essa ambição não era no sentido negativo da palavra, mas, sim, em relação à vontade que eu tinha de crescer, de evoluir. E realmente eu me considero ambiciosa no sentido de querer fazer sempre o melhor, de querer ir sempre além”, reflete Luciana. “Acredito que mudar profissionalmente é arriscar-se e pode gerar ansiedade. Essa barreira psicológica costuma nos impedir de sair da zona de conforto e tomar decisões mais ousadas. Porém, quando nos arriscamos, podemos nos surpreender com os resultados, adquirir novas experiências e, sobretudo, ganhar mais autoconfiança”.
Pilotando a própria vida
Uma das canções preferidas de Luciana é “Aquarela”, do músico e compositor Toquinho. Nela, ele fala que “o futuro é uma astronave que tentamos pilotar. Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença, muda a nossa vida. E depois convida a rir ou chorar”. “Eu sempre tentei pilotar a minha vida, mas o caminho sempre mudou ao longo do tempo. E eu poderia desistir, mas resolvi melhorar e buscar minha satisfação profissional. E sou realmente feliz com o que eu faço”, afirma.
Foi exatamente a vontade de trilhar por caminhos desconhecidos que levou Luciana a enfrentar mais um desafio. Com o afastamento do pai dos negócios, ela assumiu a produção de café na fazenda da família. “Eu não planejei mais essa mudança. A vida a impôs e eu decidi seguir em frente. Ao longo da minha caminhada os meus objetivos foram mudando e se transformando. Quando optei por dar continuidade ao sonho do meu pai, assumi as rédeas da fazenda e comecei a estudar e a me capacitar. E eu acabei me apaixonando pelo café”, diz.
A Fazenda Porto Feliz, situada no município de Bom Sucesso, próximo a Macaia, tem como principal cultivo os grãos de café Catuaí, Topázio e Arara. “Sempre apreciei muito tomar café e agora me apaixonei em produzi-lo. A minha ligação com a terra ficou muito intensa. Algo que nunca pensei que fosse gostar de fazer. Mais uma vez a vida me surpreendeu! Quando eu peguei o cafezal precisei fazer um trabalho de recuperação das lavouras. Veio então a primeira colheita e já consegui um grão de qualidade. Isso só me fez querer ir mais além!”, comemora.
Próximos passos
“Temos de entender que o trabalho não precisa ser só uma obrigação, pode ser uma atividade capaz de nos deixar felizes e orgulhosos.” Acreditando nisso, Luciana busca sempre se aperfeiçoar. Para administrar o novo negócio, ela passou a cursar MBA em Agronegócio pela USALQ/USP. “Como sou perfeccionista, gosto de fazer tudo bem feito. Para assumir a fazenda, comecei a estudar por conta própria e agora estou cursando o MBA, que me dá uma visão geral do mercado de café, que é essa grande potência até então desconhecida por mim. Inclusive, se eu soubesse que era tão fascinante assim já teria me enveredado por esse ramo há muito tempo.”
Com o primeiro desafio cumprido, Luciana agora quer investir em novos maquinários para que possa cultivar um grão de qualidade ainda melhor. “Além disso, assim que finalizar o MBA vou aprimorar o meu conhecimento em cafeicultura e fazer um curso de classificação e degustação de café para entender um pouco mais sobre a longa e diversa cadeia produtiva do café”, planeja. “Assumir o negócio do meu pai foi uma grande surpresa da vida, e está sendo uma oportunidade muito boa. Porque eu podia vender a propriedade, mas assumi o desafio de dar continuidade ao legado da minha família e me apaixonei. Hoje estou completamente realizada”, conclui.
Texto: Licia linhares
Fotografia: Marcelo Goulart